O homem, ponto de contato entre o
céu e a terra, é uma imagem de seu Criador. A árvore da Vida é um retrato da
criação. É um diagrama objetivo dos princípios que atuam sobre o Universo. Nela
estão contidas todas as leis que governam o Universo, bem como sua correlação.
Ela é também uma visão completa do homem.
Aqui no mundo relativo movemo-nos
entre partículas e ondas, sem que a maioria suspeite sequer de que tudo aquilo
que se toca está sempre desaparecendo, e aquilo que se vê não está ali. A
solidez é uma charada, um estado temporário do nada, congelado provisoriamente
numa forma familiar aos nossos sentidos,
e nós próprios não passamos de viajantes neste cenário sempre em mutação que
chamamos Terra.
Através da árvore da vida temos
uma associação objetiva que nós dá a visão interior e o conhecimento do
princípio do paralelismo, dos universos superior e inferior, exterior e
interior. A Árvore reúne numa ordem inteligente todos os aspectos dos
fenômenos, demonstrando-os num quadro refletido, um universo no qual o Criador
está presente até no mais denso da matéria.
A estrutura da Etz Chaim é
baseada em emanações que fluem da primeira Sefirá (envoltório ou recipiente),
Keter, até a última e décima Sefirá, Malchut. Após o ímpeto inicial da criação,
uma sequência se desdobra a partir da primeira Sefirá na coluna central,
através de oito estágios para se dissolver na décima Sefirá no final, também,
da coluna central.
Essa progressão é conhecida como
o relâmpago, o qual ziguezagueia pela árvore abaixo. Começando por Keter (Coroa),
flui por Chochmá (Sabedoria), onde se manifesta com uma dinâmica potente no
alto da coluna denominada de Abba (o pai cósmico), o princípio masculino,
encabeçando a coluna da direita. O fluxo de energias, o relâmpago, atravessa
Biná (entendimento), o qual como Íma (a mãe cósmica), encabeçando a coluna
esquerda feminina. As colunas, ativa e passiva, respectivamente, a coluna da
esquerda e da direita, denominadas os pilares da severidade e da misericórdia.
O fluxo das emanações, saindo do
mundo de Beriyá (intelecto), flui para a coluna da direita em direção a Sefirá
de Chessed (misericórdia)[2º. estágio]. Aqui, a energia passando para a coluna
ativa novamente, assume a qualidade dinâmica e expansiva desse estágio, antes fluir
para a próxima Sefirá, Gevurá (julgamento)[3º estágio]. Nessa última Sefirá, a
força é testada, calculada e ajustada, antes de ser transferida para Tiferét [4º
estágio], a Sefirá vital, no pilar médio da Etz (árvore). Nesse momento há um
ponto crítico de equilíbrio. Tiferét (beleza), tem uma relação especial com
Keter, com a conexão que tem através do eixo central. A única coisa que separa
Tiféret de Keter é uma Sefirá invisível, conhecida como Daat (conhecimento) que
atua apenas em condições particulares.
Em Tiféret uma imagem é mantida, um espelho de Keter, porém atuando numa
intensidade menor, depois de passar pelo véu que separa o mundo de Beryá
(intelecto) e o mundo de Ietsirá (formação). As emanações são passadas então
para a Sefirá de Nétsach (eternidade) [5º estágio]. Esse é o ponto onde as
funções ativas repetem-se continuamente para manter o nível de energia. Dessa
Sefirá transformadora a emanação flui para Hod (esplendor) [6º estágio]. Hód
pode ser traduzido também como reverberação, o que é, talvez, uma melhor descrição
de Hód., cujo trabalho é colher e passar a informação. A partir daí a emanação
toca novamente a coluna central se se encontra com a Sefirá de Yessód
(fundação)[7º estágio]. Aqui as emanações são novamente refletidas, porém de
forma obscura, um reflexo de um reflexo, porém ainda forte para produzirem
intensas projeções (apenas projeções). Diretamente abaixo, a última Sefirá,
Malchut (reino)[8º estágio]. Nessa Sefirá estão acumuladas todas as energias,
ativas e todo o processo recebido da Sefirá superior.
Shimon HaLevi, em seu livro Tree
of Life, An Introduction to the Cabala, faz uma analogia do fluxo da emanação
Divina através das Sefirót com a atividade de escrever um livro:
“.....o relâmpago passando
através da Árvore da vida pode ser encontrado no processo de escrever um livro.
Keter é a coroa, o princípio ativo. A ideia é concebida em Chochmá. Como uma
visão, ela pode ser poderosa, a semente de um grande romance, mas em Chochmá é
meramente uma ideia, poderosa mas informe.
Por um longo período ela começará a ser formulada em Biná. Será como uma
peça ou como um filme? Talvez melhor como um conto curto e objetivo? O tempo e o princípio da receptiva Sefirá de
Biná dão-lhe forma de livro, digamos de tamanho médio, dedicado a uma situação
particular, no qual certos personagens serão incluídos. Nesse estágio ele pode
permanecer por alguns anos, na mente do
escritor, o qual talvez nunca chegue a escrevê-lo. Mas, um dia, ele ganha
corpo, numa entidade definida. É Daat, conhecimento,. Daí em diante será um
processo totalmente novo, chamado por alguns escritores de “bolação”. Ao
período de incubação segue-se a gestação, com características de crescimento e
expansão. As situações se desenvolvem, fragmentos de diálogos aparecem na
consciência do escritor, personagens começam a se desenvolver., toda a história
começa a se completar e fazer sentido. Nesse ponto, Chéssed, da operação é que
o escritor atira-se ao trabalho ou perde, por pura dissipação mental, ideias
que borbulham dentre dele. Ele começa a
escrever um esboço, organizando as forças criativas presentes em seu espírito. Contudo,
ele precisa julgar e orientar (função de Guevurá) o material que Chéssed lhe
fornece, uma vez que ele é quase excessivo. Aos poucos, o livro começa a ganhar
forma, a essência, ou Tifeéret, começa a se manifestar. Talvez seja o mais
importante trabalho de sua época, a destilação da experiência de toda uma vida,
talvez se trate apenas de um humilde livro didático, mas seja como for ele
trará sua própria marca registrada, sua personalidade particular. É assim que
nós distinguimos um Tolstoi de um Hemingway. Em Tiféret, a síntese da forma e
da energia está centrada na coluna do meio, e aqui está a razão pela qual a
Sefirá é conhecida como Beleza. De qualquer maneira, a esta altura do livro
ainda não estará visível, estando ainda em grande parte na mente do escritor. Ele ainda tem que compô-lo em seu todo, ou a
obra será mais uma obra-prima não escrita. Netsach (eternidade) cumprirá essa
parte da tarefa. As força vitais do
corpo, controladas por Hod, os processos voluntários, farão com que a pena se
mova sobre o papel. Netsach sabe sua tarefa instintivamente, enquanto Hod,
treinado com reflexos mentais e físicos, enfoca os conhecimentos adquiridos com
a linguagem, no que serão sentenças compreensíveis. Yessód, fundação, que é um
amálgama de tudo o que já passou, organiza a operação de um modo bem pessoal,
retendo o que já foi escrito e mantendo a memória do conjunto, para efeito de
consulta e referência. Malchut, é a última Sefirá, o corpo e o livro em si, a
verdadeira manifestação física no mundo. O céu encontrou a Terra.”
Nos próximos temas, vamos terminar
o mundo de Beryá (intelecto), falando do significado da letra Vav. Encerrando
essa parte, analisar o mapa astral de Einstein na totalidade do que aprendemos
até aqui. As Sefirót, as letras, o elemento fogo e os signos com os planetas de
Albert Einstein.
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