terça-feira, 1 de novembro de 2016

Tema 11: Lendo a Árvore da Vida (Etz Chaim)

O homem, ponto de contato entre o céu e a terra, é uma imagem de seu Criador. A árvore da Vida é um retrato da criação. É um diagrama objetivo dos princípios que atuam sobre o Universo. Nela estão contidas todas as leis que governam o Universo, bem como sua correlação. Ela é também uma visão completa do homem.
Aqui no mundo relativo movemo-nos entre partículas e ondas, sem que a maioria suspeite sequer de que tudo aquilo que se toca está sempre desaparecendo, e aquilo que se vê não está ali. A solidez é uma charada, um estado temporário do nada, congelado provisoriamente numa forma familiar  aos nossos sentidos, e nós próprios não passamos de viajantes neste cenário sempre em mutação que chamamos Terra.
Através da árvore da vida temos uma associação objetiva que nós dá a visão interior e o conhecimento do princípio do paralelismo, dos universos superior e inferior, exterior e interior. A Árvore reúne numa ordem inteligente todos os aspectos dos fenômenos, demonstrando-os num quadro refletido, um universo no qual o Criador está presente até no mais denso da matéria.
A estrutura da Etz Chaim é baseada em emanações que fluem da primeira Sefirá (envoltório ou recipiente), Keter, até a última e décima Sefirá, Malchut. Após o ímpeto inicial da criação, uma sequência se desdobra a partir da primeira Sefirá na coluna central, através de oito estágios para se dissolver na décima Sefirá no final, também, da coluna central.
Essa progressão é conhecida como o relâmpago, o qual ziguezagueia pela árvore abaixo. Começando por Keter (Coroa), flui por Chochmá (Sabedoria), onde se manifesta com uma dinâmica potente no alto da coluna denominada de Abba (o pai cósmico), o princípio masculino, encabeçando a coluna da direita. O fluxo de energias, o relâmpago, atravessa Biná (entendimento), o qual como Íma (a mãe cósmica), encabeçando a coluna esquerda feminina. As colunas, ativa e passiva, respectivamente, a coluna da esquerda e da direita, denominadas os pilares da severidade e da misericórdia.
O fluxo das emanações, saindo do mundo de Beriyá (intelecto), flui para a coluna da direita em direção a Sefirá de Chessed (misericórdia)[2º. estágio]. Aqui, a energia passando para a coluna ativa novamente, assume a qualidade dinâmica e expansiva desse estágio, antes fluir para a próxima Sefirá, Gevurá (julgamento)[3º estágio]. Nessa última Sefirá, a força é testada, calculada e ajustada, antes de ser transferida para Tiferét [4º estágio], a Sefirá vital, no pilar médio da Etz (árvore). Nesse momento há um ponto crítico de equilíbrio. Tiferét (beleza), tem uma relação especial com Keter, com a conexão que tem através do eixo central. A única coisa que separa Tiféret de Keter é uma Sefirá invisível, conhecida como Daat (conhecimento) que atua apenas em condições  particulares. Em Tiféret uma imagem é mantida, um espelho de Keter, porém atuando numa intensidade menor, depois de passar pelo véu que separa o mundo de Beryá (intelecto) e o mundo de Ietsirá (formação). As emanações são passadas então para a Sefirá de Nétsach (eternidade) [5º estágio]. Esse é o ponto onde as funções ativas repetem-se continuamente para manter o nível de energia. Dessa Sefirá transformadora a emanação flui para Hod (esplendor) [6º estágio]. Hód pode ser traduzido também como reverberação, o que é, talvez, uma melhor descrição de Hód., cujo trabalho é colher e passar a informação. A partir daí a emanação toca novamente a coluna central se se encontra com a Sefirá de Yessód (fundação)[7º estágio]. Aqui as emanações são novamente refletidas, porém de forma obscura, um reflexo de um reflexo, porém ainda forte para produzirem intensas projeções (apenas projeções). Diretamente abaixo, a última Sefirá, Malchut (reino)[8º estágio]. Nessa Sefirá estão acumuladas todas as energias, ativas e todo o processo recebido da Sefirá superior.
Shimon HaLevi, em seu livro Tree of Life, An Introduction to the Cabala, faz uma analogia do fluxo da emanação Divina através das Sefirót com a atividade de escrever um livro:
“.....o relâmpago passando através da Árvore da vida pode ser encontrado no processo de escrever um livro. Keter é a coroa, o princípio ativo. A ideia é concebida em Chochmá. Como uma visão, ela pode ser poderosa, a semente de um grande romance, mas em Chochmá é meramente uma ideia, poderosa mas informe.  Por um longo período ela começará a ser formulada em Biná. Será como uma peça ou como um filme? Talvez melhor como um conto curto e objetivo?  O tempo e o princípio da receptiva Sefirá de Biná dão-lhe forma de livro, digamos de tamanho médio, dedicado a uma situação particular, no qual certos personagens serão incluídos. Nesse estágio ele pode permanecer por alguns anos,  na mente do escritor, o qual talvez nunca chegue a escrevê-lo. Mas, um dia, ele ganha corpo, numa entidade definida. É Daat, conhecimento,. Daí em diante será um processo totalmente novo, chamado por alguns escritores de “bolação”. Ao período de incubação segue-se a gestação, com características de crescimento e expansão. As situações se desenvolvem, fragmentos de diálogos aparecem na consciência do escritor, personagens começam a se desenvolver., toda a história começa a se completar e fazer sentido. Nesse ponto, Chéssed, da operação é que o escritor atira-se ao trabalho ou perde, por pura dissipação mental, ideias que borbulham dentre dele.  Ele começa a escrever um esboço, organizando as forças criativas presentes em seu espírito. Contudo, ele precisa julgar e orientar (função de Guevurá) o material que Chéssed lhe fornece, uma vez que ele é quase excessivo. Aos poucos, o livro começa a ganhar forma, a essência, ou Tifeéret, começa a se manifestar. Talvez seja o mais importante trabalho de sua época, a destilação da experiência de toda uma vida, talvez se trate apenas de um humilde livro didático, mas seja como for ele trará sua própria marca registrada, sua personalidade particular. É assim que nós distinguimos um Tolstoi de um Hemingway. Em Tiféret, a síntese da forma e da energia está centrada na coluna do meio, e aqui está a razão pela qual a Sefirá é conhecida como Beleza. De qualquer maneira, a esta altura do livro ainda não estará visível, estando ainda em grande parte na mente do escritor.  Ele ainda tem que compô-lo em seu todo, ou a obra será mais uma obra-prima não escrita. Netsach (eternidade) cumprirá essa parte da tarefa.  As força vitais do corpo, controladas por Hod, os processos voluntários, farão com que a pena se mova sobre o papel. Netsach sabe sua tarefa instintivamente, enquanto Hod, treinado com reflexos mentais e físicos, enfoca os conhecimentos adquiridos com a linguagem, no que serão sentenças compreensíveis. Yessód, fundação, que é um amálgama de tudo o que já passou, organiza a operação de um modo bem pessoal, retendo o que já foi escrito e mantendo a memória do conjunto, para efeito de consulta e referência. Malchut, é a última Sefirá, o corpo e o livro em si, a verdadeira manifestação física no mundo. O céu encontrou a Terra.”

Nos próximos temas, vamos terminar o mundo de Beryá (intelecto), falando do significado da letra Vav. Encerrando essa parte, analisar o mapa astral de Einstein na totalidade do que aprendemos até aqui. As Sefirót, as letras, o elemento fogo e os signos com os planetas de Albert Einstein.

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