Chochmá é a Sefirá que guarda as energias mentais do acesso ao mundo das verdades Divinas. É uma Sefirá de energias muito sutis, as quais não temos condições para o controle objetivo de seu funcionamento. Não é o pensamento individual é o pensamento universal, o mundo das idéias do Ein Sof, do Sem Fim. Por isso nosso pensamento é tão arredio, tão indomável, tão incontrolável. Temos a impressão que a mente é algo externo a nós. Tudo se passa sem que tenhamos o controle do que queremos. O medo injustificável, o pessimismo sem motivos, a dor sem machucados.
Chochmá é uma energia, que se não tivermos um auto-controle sobre ela, pode nos levar do céu ao inferno num milésimo de segundo. A Sefirá de Chochmá se refere á consciência primordial de D´us e se não temos o controle para direcionar a sua atividade em nossas mentes tudo pode vir a refletir em nossas emoções, desde a alegria suprema até à dor mais insuportável.
Na astrologia cabalística, nessa Sefirá, é possível determinar as nossas potencialidades pessoais relacionadas a sua energia. Os planetas que ocupam essa Sefirá nos dão a consciência de como estamos mergulhados nesse mar primordial da verdade suprema e como a interpretamos. O segredo do controle desse animal indomesticável é a interpretação que damos aos seus conteúdos.
Com o astro Sol em Chochmá podemos mostrar muita intuição, a criatividade natural e uma capacidade para inovação. O astro Sol retirá de Chochmá os pensamentos inovadores. Com o astro Lua em Chochmá a pessoa tem como característica uma intuição nata e muito profunda. Com a Lua em Chochmá a pessoa consegue administrar muito bem a razão e os sentimentos. Geralmente artistas tem essa configuração no mapa cabalístico. Com mercúrio em Chochmá, a pessoa age livremente com seus pensamentos, uma mente livre, com idéias originais, que fogem ao padrão convencional. Existe uma facilidade nata para lidar com as ideias abstratas. Einstein tinha mercúrio em Chochmá, Vênus nessa Sefirá é o posicionamento de uma pessoa carinhosa, meiga, calma e pacífica. É uma pessoa satisfeita consigo mesma.... Como podemos ver, as Sefirot são como um DNA da alma. No caso de Chochmá, a capacidade para acessar o mundo das idéias é possível de ser observável. A Sefirá de Chochmá existe para todos, porém o planeta que aparece nela vai dar a característica de como cada pessoa retira da consciência universal primordial a interpretação das situações que passa pela vida. Assim, apesar de ser um animal indomável, através de uma consciência emprestada de outros planetas, podemos direcionar as forças das energias de Chochamá. É o nosso livre arbítrio. Conduzimos nosso destino utilizando a consciência que queremos ter das situações que a providência divina nós coloca no dia-a-dia.
Aplicação do que entendemos sobre Chochma:
Vimos que a Sefira de Chochmá é o fluxo de energia que faz com que tenhamos uma conexão com a consciência primordial do Ein Sof.
Porém, esse mundo de pensamentos são como uma onda imensa nos engolindo. É necessário filtrar, organizar, decifrar e finalmente entender esse pensamento, que ainda é uma sabedoria, sem forma, sem palavras, sem entendimento. Pelo menos até a próxima Sefira que estudaremos: a Sefira de Biná.
Tanto Buda como o Rebe Nachman de Bratslav afirmaram a mesma coisa:
- "Você é aquilo que pensa, tendo se tornado naquilo que pensava".
As inspirações captadas por Chochmá, independente do planeta que a ocupa, são pensamentos que a mente aceita como verdadeiras, independente da realidade circundante. A energia de Chochmá é tão sutil e poderosa que faz a pessoa que a ouve ter a absoluta certeza de suas palavras.
Assim, é necessário um preparo e auto-controle muito grandes para que a sabedoria de Chochmá seja bem entendida por nós.
Se a energia de Chochmá pesca uma ideia do mundo de Ein Sof, esse pensamento penetra com tanta força em nossa mente que começa a fazer parte de nossa vida, começa a fazer parte de nossas certezas, começa a fazer parte de nossa verdade, por mais que tudo a nossa volta contrarie esse pensamento.
Como usar isso?
Da mesma forma que sabemos que se pegarmos uma arma ela pode disparar. Assim, se pegarmos em uma arma temos que saber usa-la, caso contrário, poderemos nos ferir.
Vamos por partes.
Primeiro, os quatro pilares da Cabalá, que mostram a nossa capacidade de fazer mudanças:
1. Emuná: Fomos dotados da capacidade de mudar tudo em nós mesmos.
2. Ratson: Extraímos as forças de nossa própria vontade.
3. Avodá: É necessário um programa constante de introspecção.
4. Cada sucesso que alcançamos, por menor que seja, é necessário festejar com alegria.
Esses quatro pilares fazem com que os pensamentos pescados pela Chochmá sejam criativos, transformadores, iluminadores e inteligíveis. Esses quatro preceitos da Cabalá tem suas raízes em seus próprios conceitos. São uma síntese prática do que a Árvore da Vida nos mostra como caminho.
Assim, através da vontade, da boa vontade, podemos extrair verdades que nos guiam para os nossos objetivos. De maneira clara, tranquila, com solidez e certeza. Festejar o sucesso, por menor que seja, faz com que aquilo que alcançamos seja aprendido por completo através das energias dos fluxos sefiróticos.
Agora, a prática desse princípio.
Estou gordo. Sinto fome. Estou tentando fazer regime, mas quero comer um Big Mac quádruplo. É um exemplo bem simples, mas quem passa por isso sabe da dificuldade.
No momento que sentimos a fome, dispara a vontade de comer o que tem pela frente. Em meio a essa vontade, pensamentos de auto-reprovação aparecem. Pare e os ouça. São pensamentos que realmente estão te reprovando e vão agir concretamente para que o que vc vai comer te faça mal. Concentre-se nessa ideia, nesse pensamento que te veio, como se fosse de outra pessoa. Conscientize-se, absorva o significado, entenda por que te veio, e ouça com os ouvidos da emoção. Coma, mas o suficiente para satisfazer a fome, nada mais que isso. Sem gula, sem exageros, sem desesperos. O grande segredo é saber ouvir a voz de Chochmá.
Pense nesse exemplo com relação a estudar para uma prova, em se preparar para uma entrevista de emprego, em organizar seu trabalho, em como lidar com a família, com a esposa, com os filhos. Pensa nessa voz que te fala na hora de tratar com as pessoas, em agradecer, em retribuir um favor, em honrar a palavra que deu, em se sentir grato por estar vivo.
A voz de Chochmá é capaz de mudar as nossas atitudes em direção ao que queremos ser.
Uma síntese da Sefirá de Chochmá:
A Chochmá contém as energias do pensamento reativo. Nela as ideias, os pensamentos, as intuições ainda não tem uma forma, é um estado de "pescar" sabedorias do cosmo, de D' us, do Ein Sof (Sem Fim).
Esse pensamento reativo, inconsciente, que brota na mente e é capaz de transformar-se numa profecia, que auto-realiza-se. É tão enraizado o pensamento que se fixa no inconsciente e acaba se tornando um paradigma para quem o pensa. Como paradigma, e a certeza como é aceita, a atividade mental cria as suas próprias evidência dessa realidade. Não diferencia pensamentos bons de pensamentos ruins, apenas os aceita inquestionavelmente. É o acesso ao pensar puro, sem palavras, sem imagens. A força dessa energia pode ser tanto construtiva como destrutiva. É a energia pensante do Universo.
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